segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Igualdade para todos!


"Tradicionalmente, as pessoas na minha aldeia valorizam mais, em relação às raparigas, o casamento do que a educação. Eu deixei de ir à escola porque me casei aos 14 anos" Rapariga, Mpika, Zâmbia

Podemos pensar que é impossível isto acontecer nos nossos dias, mas a verdade é que ainda em muitos países não há igualdade de educação para raparigas e rapazes. Uma das barreiras consiste no casamento precoce, ou no casamento de crianças em idade escolar.

O casamento realiza-se por razões de ordem económica, cultural, religiosa, social e emocional. Em muitos países, especialmente nas comunidades pobres migrantes ou deslocadas, é comum o casamento ter lugar em idades precoces. Normalmente são as raparigas que se casam cedo (mas tal pode também acontecer com os rapazes). Esta desigualdade de género, presente em todos os aspectos da sociedade, incluindo a educação, faz com que as raparigas fiquem, com frequência, privadas de competências práticas e de poder de negociação. Consequentemente, enquanto os rapazes têm uma palavra a dizer sobre quando e com quem querem casar e o que irão fazer depois de casarem, muitas raparigas não têm a oportunidade de tomar estas decisões.

Os efeitos físicos, emocionais e sociais do casamento precoce são variados, mas um dos mais frequentes é o abandono escolar, por parte das raparigas. Embora o casamento não implique necessariamente que a educação não prossiga, as atitudes dos pais, escolas e esposas acarretam, em muitas sociedades, esta consequência.

Os maridos de mulheres jovens são muitas vezes homens mais velhos, que esperam que as suas mulheres sigam a tradição, fiquem em casa e se ocupem da lida doméstica e dos cuidados com as crianças. Uma jovem esposa geralmente não consegue contrariar os desejos do marido e a família deste pode recusar-se em aplicar os seus parcos recursos na continuação dos estudos da nora.

Frequentemente, as escolas adoptam como política recusar a admissão de raparigas grávidas ou com bebés. Pensam, talvez, que isto iria constituir um mau exemplo para as outras alunas ou que os outros pais ficariam zangados de ver a escola recusar as crenças tradicionais. Mesmo se permitem às alunas que voltem à escola, organizam o ambiente escolar - regras, horários e condições físicas - de tal modo, que lhes torna difícil conciliarem os seus deveres de mãe com a frequência escolar. As ameaças e os abusos por parte dos professores, alunos e outros pais podem contribuir para reduzir a auto-confiança e a segurança destas alunas, forçando-as a abandonarem a escola.

"os nossos colegas estão sempre a rir-se de nós...dizendo que somos mães e que o nosso lugar não é na escola mas em casa"

http://www.eenet.org.uk/newsletters/news7_port/page8.shtml

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