Sim somos humanos, mas e quando em concha nos transformamos, o que seremos?

De tempos a tempos sou uma bela e fingida concha, fingida porque a ciência fria e exacta comprovou ser impossível transformar-me num crustáceo. Contudo a minha perícia idealista não me impede de imaginar, e de à concha roubar o indispensável dom de proteger o seu interior.

Assim sendo já fui uma concha, plagiada é certo mas fui, logo reconheço de imediato outras conchas, que tal como eu através do seu instinto animal, souberam se metamorfosear noutro Ser, para fazerem o que todos os seres fazem por instinto, defenderem-se quando por algo se sentem ameaçados.

Para quem já perdeu o seu tempo a deleitar-se com a beleza e características das conchas, sabe que estas são muito distintas. Umas mais resistentes e outras mais frágeis, todas podem ser quebradas, quando mal tratadas. Todavia a natureza é generosa ensina-nos que uma concha partida pode e deve ser reconstruída, mesmo que se parta vezes e vezes sem conta.

Através de engenho e arte, podemos voltar a colar os pedaços das nossas conchas, e mais tarde sorrir ao observar as suas cicatrizes, permitindo que outros as olhem e apreendam que essas marcas são um mapa vivo de todas as experiências que nos marcaram, nos fizeram crescer e nos ajudaram a ser quem somos.

Não devemos viver fechados na concha para sempre, temos que ter a capacidade de nos distanciarmos dessa carapaça protectora e realizar que todos os dias temos a hipótese de mudar o nosso destino, sendo que existem aqueles momentos em que podemos mudar o rumo da nossa existência e do nosso futuro... Aqueles momentos em que um simples "sim" ou um "não" podem mudar tudo... Aqueles momentos em que uma palavra mal medida, uma atitude não pensada, podem fazer cair por terra muitos sonhos e magoar alguém...

Saber falar é uma arte, estar calado nos momentos certos é uma virtude!