O colapso
Se o amor fosse tão fácil de entender como é o funcionamento do nosso cérebro, perceberia que afinal a fibra sensitiva mais o fluído cefalorraquidiano não poderiam resultar em nada, porque são ambos de locais diferentes e realizam funções distintas, sem cedências era impossível dar algo lógico.
Contudo, se me explicassem que a existência de uma substância cinzenta processa a cognição e a personalidade e que cada movimento complexo é organizado por aquele simples centro nervoso, já compreendia que a única coisa que precisava era de uma substância branca, uma via nervosa, que ligasse as células entre si e o encéfalo.
Mas se os lobos de cada hemisfério estivessem a funcionar a 100%, a informação auditiva e a informação visual teriam comunicado às mãos e à face que o toque e a pressão exercida pelo outro tinham mudado.
Desta forma, o oxigénio e os nutrientes necessários para o normal funcionamento das células do cérebro teriam recebido o sangue proveniente das artérias, fazendo com que o pensamento me informasse que num curto espaço de tempo todo o meu sistema nervoso teria um colapso. Assim, evitaria o nó nos meus ventrículos que diminuiu a frequência cardíaca e o consequente esmagamento do meu mais querido órgão.
O incidente não passaria disso, se os meus milhares de neurónios tivessem a trabalhar, pois teria percebido que o toque e a pressão jamais voltariam a ser iguais e que, por mais tempo que eu lhes desse, eles não pretendiam reconsiderar. Foi neste período de hesitação que o bloqueio do coração se espalhou por todos os meus sistemas.
Esta avaria persistiu durante um tempo indeterminado, deixando sequelas muito dificilmente reparáveis…
Foto: Hannah Larson
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