sexta-feira, maio 04, 2007


Numa concha eu por vezes me sinto, protegida, abraçada com o carinho do momento, a felicidade do amor, o querer mais e mais sem alcançar o cessar.

Abraço-me, fecho-me, enrolo-me na esperança de fugir daquilo que se sente por se desconhecer o seu rumo, do querer ainda mais, da paixão pelos sentimentos que crescem a todo o instante e que não nos deixam respirar outros recantos.

Naqueles momentos de silêncio, em que fecho os olhos e penso no que está à minha volta, só te antevejo a ti, só te ambiciono a ti…

Eu não pretendo meditar, eu luto para não duvidar, mas também não me quero despenhar daquele precipício vertiginoso que um dia me iludiu…

Mas sim, claro que te quero! Claro que te amo! Claro que quero ficar contigo! Mas claro que tenho medo e não o consigo arrancar de dentro de mim tão facilmente!

Só o tempo fará tal proeza, o tempo que passarás comigo, o tempo em que me amarás. Só o passar do tempo destruirá esse medo, esse receio… O tempo que tu tens que me dar, o tempo que comigo tens que passar…

Aquilo que um dia fui, não sei se o voltarei a ser; talvez tenha ficado pior, talvez melhor, as qualidades que se alteram, as metamorfoses que ocorrem desgastam o verdadeiro ser, a essência de todos nós…

Aquela pessoa que um dia amou sem restrições, que um dia desejou sem temer, que acreditou sem vacilar, que se entregou sem supor traições, essa mulher transfigurou-se numa medusa, que a todo o instante olha desconfiada, suspeita de todos os movimentos, vive a cogitar sobre a natureza das coisas e teme que tudo ou todos se transformem em pedra…

Foto: Chae Geun Lim



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