A complexidade do fogo
Os quatro elementos (água, terra, vento e fogo) sempre fascinaram o Homem. A mim, no entanto, o fogo impressiona-me pelas suas características complexas e vorazes. A sua voz e o seu corpo de cor mudam consoante a madeira que queima.
A complexidade da madeira consegue alterar a composição aparentemente forte do fogo, todavia, a sua chama tudo queima, e qualquer que seja a matéria, no final todas são cinzas, todas “morrem”.
Abusando da metáfora comparo o homem ao fogo, esse fogo que nos queima tal como o amor “que arde sem se ver”, metáfora na qual nós as mulheres seremos as madeiras.
Nestes últimos tempos, tenho vindo a especializar-me na arte de fazer o fogo, aquele simples que só é feito com o propósito de nos aquecer em Invernos mais rigorosos, mas observo a sua arte e contemplo a sua magia, aprendo que tal como o homem, o fogo é caprichoso.
Quando o fogo encontra a madeira ideal, queima com esplendor, ganha corpo e vida, dança, incorpora na madeira e transformam-se num só, a brasa que perdura.
Contudo, quando a madeira não é certa o fogo não se interessa, só aparece quando esta, esperta, se apetrecha de utensílios que o atraiam. As brasas que desta união resultam não são genuínas, foram falseadas, não são incandescentes, nem perduram como as anteriores.
O fogo sem a madeira morre, não existe. A madeira sem o fogo não se veste de calor, não ganha vida.
Tal como o fogo e a madeira, o homem e a mulher, completam-se, devem procurar o seu ideal, para que entre eles possa arder a chama do verdadeiro amor.
Deusa Hera
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